Reflexões sobre as formas de padecimento psíquico do sujeito contemporâneo nos levam,
irremediavelmente, ao fenômeno das compulsões, encarado na psicopatologia atual como
marca da cultura do excesso narcísico (Stacechen e Bento, 2008). Diante destas patologias
da voracidade, insaciedade e insatisfação, o analista é duramente exigido a suportar altas
tensões e, ao mesmo tempo, manter a flexibilidade sem perder o rigor e a consistência do
trabalho a ser realizado. A questão que se coloca é como escutar, compreender e endereçar
as queixas sobre comportamentos compulsivos e impulsivos, que rasgam famílias e
esgarçam relações no limite da hetero e autodestrutividade? Em busca do que estarão
estes indivíduos? Sentem fome de quê? Qual o (s) trabalho (s) corporal (is) adequado e
favorecedor de desenvolvimento e estruturação para o atendimento destes pacientes?
Faremos um recorte específico sobre a toxicidade das paixões em pacientes dependentes
químicos, discutindo a aplicabilidade das técnicas da Análise Bioenergética, em
particular, como construir o grounding nestes casos, sob a perspectiva psicodinâmica da
personalidade borderline. A partir da descrição de um caso clínico, surgirão sugestões de
desdobramentos do trabalho corporal, partindo de Reich e Lowen, até os representantes
do período atual pós-Lowen, nos aproximando da clínica do manejo. Orientação: Léia Cardenuto.